Sic vos non vobis

"Sic vos non vobis"... É por vós, mas não só para vós, que as coisas veem a ser feitas!

LIÇÕES DO "FONTE VIVA" COM ALTERAÇÃO DO REGISTRO DO FALAR.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

GUARDEMOS O CUIDADO (033) - (Pondo as barbas de molho)

O referencial do que vemos no outro é nosso.
Cada um só pode sentir o mundo com os sentidos que tem em si. Olhar, medir, pesar, ouvir, cheirar, pegar, tudo isto a gente faz com o que tem.
Esta matéria aqui, trecho da carta de Paulo a Tito que Emmanuel chama a atenção, é oportuna demais para a gente entender o que é que “maldamos” nos outros.
Minha mãe – bem humoradíssima velhinha – contava uma história engraçada de um homem que, sabe-se lá como, sujara os bigodes de cocô. Como era muito educado não reclamou nada de ninguém, mas sofreu pelas tantas horas em que ficou achando que o mundo todo era um penico só. Até que, entrando num banheiro, pode ver num espelho que era seu bigode que estava empestado.
Olhamos com nossos olhos (às vezes de óculos), medimos com nossa trena, pesamos com nossa balança, ouvimos pelas nossas oiças, o que cheiramos vem por nossas narinas, o que pegamos é com nossas mãos. Veja que entre o nosso espírito que registra as coisas e cada coisa em si, tem dois intermediários: o Corpo que informa e a Mente que compara.
Se o corpo falhar, a gente comete um erro.
Se a mente está mal informada a gente comete dois.
Se não lembrarmos que o que vemos nos outros é uma projeção da gente mesmo não cometemos um terceiro erro, não.
A gente se ferra!

  
“... mas nada é puro para os contaminados e infiéis.” – Paulo. (Tito, 1:15.)

A visão, com que a pessoa enxerga as coisas entorno, parte de dentro dela mesma. Com os elementos que tem dentro de si, ela julga os aspectos de fora. Pelo que ela é capaz de sentir, ela confere os sentimentos alheios. Ela pensa que achará no procedimento dos outros os mesmos valores e o jeito de fazer as coisas que são seus. Por isso a gente tem que ficar esperto para que a consciência não se contamine com o que não presta.
Quando a gente tem sombra rolando na mente, a gente só vê sombra em toda parte.
Vê o amor mais puro se manifestar e fica imaginando loucuras carnais. Encontra um companheiro bem vestido e fica-se pensando na vaidade dele. Se um amigo é eleito para a carreira pública, mentalizamos a tirania política. Se o vizinho economiza e aproveita as oportunidades com perfeição, desconfiamos e ficamos ruminando longamente como foi que ele se apropriou indebitamente das coisas. Quando vemos um amigo ser enérgico na defesa justa de si mesmo, imediatamente nos o classificamos como intratável.
Na hora em que a treva toma conta de nossa vida nossos pensamentos são atingidos por lamentáveis alterações. Nessa hora as virtudes nunca são achadas, mas o mal sobra sempre, sempre. Os gestos de bênção mais significativos são lastimavelmente interpretados. É preciso tomar tento toda vez que a inveja, o ciúme, a suspeita ou a maledicência vierem nos visitar.
Há coisas complicadas na vida para as quais calar-se é um santo remédio, porque, sem dúvida, cada espírito segue o caminho ou o caminheiro, conforme a visão clara ou escura que tem.


(FONTE VIVA – Com modificação do registro do falar.)


Todos os estudos anteriores a este no Fonte Viva acham-se no meu “Blog”. Siga-me lá:
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