Sic vos non vobis

"Sic vos non vobis"... É por vós, mas não só para vós, que as coisas veem a ser feitas!

LIÇÕES DO "FONTE VIVA" COM ALTERAÇÃO DO REGISTRO DO FALAR.

Segunda Página - UMA LUZ SOBRE DÚVIDAS...

Amigos

Tenho um correspondente bem católico. O Cleomar. E ele mandou-me uma matéria do Frei Boaventura Klopenburg, franciscano, que foi bispo de Salvador e que produziu um texto onde ele coloca 21 pontos dizendo “Porque o católico não pode ser espírita”. Comentei a matéria respondendo a ele pessoalmente, agora divido com vocês. Mas, vejam como uma pessoa vindo de fora do espiritismo para conhecê-lo pode se equivocar.
O comentário segue abaixo:


DIZ FREI BOAVENTURA KLOPENBURG:

2- Porque o católico não pode ser espírita:
1. O Católico: admite a possibilidade de “mistério” e aceita as verdades sempre que tem certeza que foram reveladas por Deus. O Espíritaproclama que absolutamente não há “mistérios” e tudo o que a mente humana não pode compreender, é falso e deve ser rejeitado.
O Cristão-Espírita considera que há mistérios, sim, e o que a mente humana não pode compreender é factual embora ainda sejam desconhecidas suas razões. Não deve ser rejeitado, deve ser encarado de outro modo.
2. O Católico: instruído crê que Deus pode e faz milagres. O Espíritarejeita a possibilidade de milagres e ensina que Deus também deve obedecer às “leis” da natureza.
O Cristão-Espírita não crê que o chamado “milagre” seja uma “quebra” dos princípios da natureza pela ação de Deus porque, Deus é perfeito e a Criação é perfeita. Ele, o criador de tudo, sabe por onde deve ir para chegar aonde o homem quer sem quebrar nada. O homem, cheio de orgulho, além de não admitir que não sabe o caminho, ainda diz que Deus desobedeceu às leis da natureza para satisfazer ao homem.
3. O Católico: crê que os livros da Sagrada Escritura foram inspirados por Deus, portanto não podem ter erros em questão de fé e moral. O Espíritadeclara que a Bíblia está cheia de erros e contradições e que nunca foi inspirada por Deus.
O Cristão-Espírita crê que o profeta é um médium de Deus para seu povo em um dado momento. E a Bíblia é um livro inspirado sim, mas um “livro eterno” para ser lido e interpretado por qualquer um a seu tempo – é aí onde, naturalmente acontecem os erros e a contradição entre o que o homem pensou antes e o que pensa agora.
4. O Católico: crê que Jesus enviou o Espírito Santo aos apóstolos e seus sucessores para que pudessem transmitir fielmente, sem erros, a sua Doutrina. O Espíritadeclara que os apóstolos e seus sucessores não entenderam os ensinamentos de Cristo e que tudo o que eles nos transmitiram está errado, é falsificado.
O Cristão-Espírita declara que os apóstolos não entenderam TUDO. Isso sim. E por isso erraram em algumas coisas. Era, e ainda hoje é, “muita areia pra qualquer caminhãozinho cristão”.
5. O Católico: crê que Jesus instituiu a Igreja para continuar sua obra. O Espírita: declara que até a vinda de Allan Kardec a obra de Cristo estava perdida e inutilizada.
O Cristão-Espírita não declara isso mas diz que esta obra estava muito mal usada. O evangelho de Jesus é roteiro perfeito de salvação. Se alguém diz que está seguindo-o e produz uma “Santa Inquisição”, se dana ao invés de salvar-se porque está fazendo mau uso do Evangelho.
6. O Católico: crê que o Papa, sucessor de Pedro, é infalível em questões de fé e moral. O Espírita: proclama que os Papas só espalharam o erro e a incredulidade.
O Cristão-Espírita declara que o papa é Papa para os cristãos católicos. Para um cristão-espírita ele não é “Papa”, é um cristão sujeito a erro como qualquer outro ser humano cristianizado.
7. O Católico: crê que Jesus nos ensinou toda a Revelação e nada mais há para ser revelado. O Espíritaproclama que o espiritismo é a terceira revelação, destinada a retificar e substituir o Evangelho de Cristo.
O Cristão-Espírita conclui que o espiritismo é a terceira revelação, sim, para retificar, sim. Para substituir o Evangelho de Cristo, nunca.
8. O Católico: crê no Mistério da Santíssima Trindade. O Espíritanega esse mistério.
O Cristão-Espírita não nega. O Cristão-Espírita apenas considera que essa forma interpretativa de Deus é exclusiva do entendimento cristão católico sobre Deus. No começo do cristianismo Tiago desentendeu-se com Paulo porque entendia que os cristãos deviam observar o sabath, circuncidarem-se...
9. O Católico: crê que Deus é o Criador de tudo, Ser Pessoal, distinto do mundo. O Espíritaafirma que os homens são partículas de Deus – verdadeiro panteísmo.
O Cristão-Espírita não diz isso.
10. O Católico: crê que Deus criou a alma humana no momento de sua união com o corpo. O Espíritaafirma que nossa alma é o resultado da lenta e longa evolução, tendo passado pelo reino mineral, vegetal e animal.
O Cristão-Espírita afirma que Deus cria os Espíritos numa condição básica de simplicidade e ignorância, para a evolução sem-fim. Uma evolução assim leva tempo e o tempo que os homens precisarem para evoluir lhe será dado na forma de muitas existências formando a Vida.
Assim o Espírito é o resultado da lenta e longa evolução e faz estágio em todas  as linhas da criação divina. Alma é o estado do Espírito quando ligado ao corpo em uma existência.
11. O Católico: crê que o homem é uma composição substancial de corpo e alma. O Espíritaafirma que é um composto entre “perispírito” e alma e que o corpo é apenas invólucro temporário, um “Alambique para purificar o espírito”.
O Cristão-Espírita tem outra definição, que não esta de “composto”, para o que seja Espírito, corpo, alma. Sem precisão de alambiques, retortas, cadinhos ou coisa que o valha.
12. O Católico: obedece a Deus que, sob penas severas, proibia a evocação dos mortos. O Espíritafaz dessa evocação uma nova religião.
O Cristão-Espírita interpreta que a condenação lida no Levítico (o verso 31 do Cap. XIX; o verso 27 do Cap. XX e nos versos 10, 11 e 12 do Cap. XVIII do Deuteronômio) se refere à busca de como obter vantagens sobre os outros através da consulta aos mortos. O rei Saul é o exempplo mais vivo. O profeta diz que Deus está com ele mas ele vai buscar a feiticeira de Endor para que ela lhe dê a certeza de vitória.
Consultar os “mortos” não é errado. Errado é querer tirar vantagens com isso ou fazer perguntas banais, idiotas.
13. O Católico: crê na existência de anjos e demônios. O Espíritaafirma que não há anjos, mas espíritos mais evoluídos e que eram homens. Que não há demônios, mas apenas espíritos imperfeitos que alcançarão a perfeição.
É quase isso. O Cristão-Espírita diz que há anjos sim, mas não como uma categoria de seres da criação, pois ninguém “nasce anjo”. Mas, qualquer um de nós, pela graça de Deus, pelo seguimento do evangelho de Jesus, pelo esforço pessoal poderá chegar a ser anjo.
14. O Católico: crê que Jesus é verdadeiramente o Filho Unigênito de Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. O Espíritanega esta verdade fundamental da fé cristã e afirma que Cristo era apenas um grande “médium” e nada mais.
Esta afirmação de que “Jesus é verdadeiramente o Filho Unigênito de Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade” pertence à fé cristã-católica, não faz parte da fé cristã-espírita. Porque, para crer nisso, é preciso acreditar que Deus cria seres mais favorecidos que outros e não entendemos Deus assim. 
O Cristão-Espírita crê que Jesus é o Espírito mais perfeito que a humanidade conheceu. Um ser que atingiu um estágio tão sublime na evolução que lhe permite dizer da sua relação com Deus: “Eu e o Pai somos um.” Jesus, comparado a nós, é tão perfeito que na infância da fé a humanidade o confunde com o próprio Deus. Mas o âmbito de Jesus é a Terra assim como o de Deus é o universo.
15. O Católico: crê que Jesus é também verdadeiro homem, com corpo real e alma humana. O Espíritaem grande parte, afirma que Cristo tinha apenas um corpo aparente ou fluídico.
Um estudioso do espiritismo, Jean-Batiste Roustaing, elaborou esta teoria. Teoria infeliz à qual muito poucos aderem no espiritismo, preferindo as demais teorias do espiritismo. Deixando de ler Allan Kardec, Leon Denis, Herculano Pires, para ler Roustaing, D. Boaventura deixou de ver a regra para ver a exceção.
16. O Católico: crê que Maria é Mãe de Deus. O Espíritanega e ridiculariza todos os privilégios de Maria, Mãe de Deus.
Aqui, um Cristão-Espírita diria que D. Boaventura “pirou na batatinha” porque não se pode sequer imaginar em que parte do espiritismo ele teria visto isso. Será que ele, enganando-se pensando estar num Centro Espírita não estava era na IURD no dia que o pastor chutou a imagem de Maria, mãe de Jesus?
17. O Católico: crê que Jesus veio para nos salvar por sua Paixão e Morte. O Espíritaafirma que Jesus não é nosso Redentor, mas apenas veio para ensinar algumas verdades e isso mesmo de um modo obscuro, e que cada pessoa precisa remir-se a si mesmo.
O Cristão-Espírita diz que Jesus é Redentor por ensinar-nos a redenção para que pudéssemos nos redimir.
18. O Católico: crê que Deus pode perdoar o pecador contrito. O Espíritaafirma que Deus não pode perdoar pecados sem que preceda rigorosa expiação e reparação feita pelo próprio pecador, sempre em novas reencarnações.
Nada disso. O Cristão-Espírita entende que Deus NADA TEM A PERDOAR porque ninguém o ofende - ele é perfeito. Se alguém ofendesse a Deus seria outro Deus, ou Deus não seria Deus porque, Deus, é único.
19. O Católico: crê nos sete sacramentos e na graça própria de cada sacramento. O Espíritanão aceita nenhum sacramento, nem mesmo o poder da graça santificante.
Sacramento é coisa da fé cristã-católica para tratar da questão da graça de Deus em nós. É uma formalização teórica ritual respeitável, feliz, porque materializa a comunhão com Deus. É algo respeitável por nós, Cristãos-Espíritas, dentro do contexto da fé cristã-católica. Nós, no contexto da fé cristã-espírita, tratamos o assunto de forma diferente.
20. O Católico: crê que o homem vive sobre a terra e que desta única existência depende a vida eterna. O Espíritaafirma que a gente nasce, vive e morre e renasce ainda e progride continuamente.
Nós, Cristãos-Espíritas, afirmamos isto, sim: - “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei”.
21. O Católico: crê que após esta vida, há céu e inferno. O Espíritanega – crê em novas reencarnações.
O Cristão-Espírita, afirma isto, sim. Vida sem-fim é o caminho e, neste caminho, céu ou inferno são aspectos passageiros.