Sic vos non vobis

"Sic vos non vobis"... É por vós, mas não só para vós, que as coisas veem a ser feitas!

LIÇÕES DO "FONTE VIVA" COM ALTERAÇÃO DO REGISTRO DO FALAR.

Terceira Página - TAREFA DIFÍCIL

O livro Fonte viva, de autoria de Emmanuel e psicografado pelo Chico Xavier, é um tesouro de 180 lições que faz parte de um conjunto formado, além do "Fonte Viva", por "Caminho, Verdade e Vida", "Pão Nosso" e "Vinha de Luz".
Ele é fruto da reflexão inspirada e inspiradora de Emmanuel sobre trechos do Evangelho e das Cartas de Paulo de Tarso. Emmanuel, por ser espírito ilustrado, no seu natural modo de se expressar, acaba por exigir do leitor um vocabulário com termos comuns apenas aos clássicos da literatura brasileira. Eles não constam mais, absolutamente, do uso atual de nosso povo empobrecido - entre outras coisas - de leituras bem escritas na sua educação.
Desta forma, parte do que ele diz se perde ou não é bem captado por conta da inaptidão do leitor no momento da leitura. Na obra "Fonte Viva", somente no texto introdutório "Com Jesus e por Jesus", há palavras como: Asseverar, Olvidar, Cariz, Égide, Retorta, Enxamear e Cavacos. 
Desconhecer o sentido dos vocábulos prejudica o entendimento imediato. Mas, há também as sofisticadas construções com pronomes enclíticos e mesoclíticos, abundantes escrita impecável de Emmanuel que leva além o prejuízo do leitor.
Diante disso, tomei a decisão de fazer estudos diários do Fonte Viva, de comentá-los e de fazer o que chamo de "alteração do registro do falar" sobre o texto original, buscando com isso favorecer o leitor sem prejuízo do sentido do texto.
Não é algo fácil de se executar, nem algo que desperte uma salva de palmas no movimento espírita. Mas é preciso fazer alguma coisa para que textos espíritas tão bem lavrados caiam no hermetismo por desatualização, porque isto já aconteceu no cristianismo antigo que pôs o texto bíblico "escondido do povo" dentro de uma linguagem rebuscada, inacessível a quem não tivesse muito estudo. Vejam se não é difícil se imaginar Jesus dizendo a Simão: "Faze-te ao largo; lançai vossas redes para pesca" (Lucas 5:4). O povo simples da Palestina aonde Jesus viveu era o mais pobre. Era tão pobre que quando Felipe disse a Natanael: "Encontramos aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os Profetas: Jesus, o filho de José, de Nazaré", Natanael perguntou imediatamente: "De Nazaré pode sair algo de bom?"
No tempo de Jesus a língua internacional era o grego. Havia o latim falado pelos invasores romanos e, certamente, por fariseus, escribas, saduceus, levitas e sacerdotes - a elite judaica. Mas o que o povo falava o aramaico - uma mistura de hebraico e siríaco (cfe. Carlos Pastorino). 
É difícil imaginar Jesus falando a um simples pescador "Faze-te ao largo; lançai vossas redes para pesca". Certamente que o modo de falar foi outro. E foi tão bem entendido por eles que eles lançaram as redes e fizeram um pescaria inesquecível.